1.EXTERNA – RUA – DIA
Clipe de imagens de diferentes pontos da Avenida Rio Branco. Avenida lotada, pessoas passando sem parar, atravessando a rua, aguardando o trânsito nos cruzamentos, dobrando esquinas. Imagens de carros passando, placas de rua, sinais de trânsito, lojas. Mais gente de todos os tipos andando sem parar. Vemos Fulano e Sicrana parados numa esquina de frente para a Rio Branco, contemplando o vaivém. Fulano se mostra admirado, leve sorriso no rosto. Sicrana se mostra um pouco aturdida com a multidão que passa.
SICRANA
– Olha só toda essa gente...
FULANO
– Melhor assim.
Fulano puxa Sicrana pela mão. Eles se embrenham no vaivém. Seguem andando em meio à multidão.
SICRANA
– Dia desses, num sebo, encontrei por acaso um livro de fotografias do Augusto Malta. Você consegue imaginar como seria andar pela Avenida Rio Branco no início do século XX?
Corta para um clipe de fotografias diversas da Rio Branco no início do século.
FULANO (OFF)
– Avenida Central.
Corta para o tempo presente, a avenida lotada.
SICRANA
– Não teria essa multidão toda, o ar seria mais limpo, teria só um carro ou outro, e a gente estaria andando tranqüilamente ali pelo meio da avenida.
FULANO
– Você de sombrinha.
SICRANA
– Ou sem, protegida pela sombrinha das árvores centrais.
Num efeito de animação, a rua se transforma numa fotografia antiga da Rio Branco. O barulho de trânsito cessa e Fulano e Sicrana andam pela Avenida Central vazia e em preto e branco.
FULANO
– A mais de um século de distância.
SICRANA
– Agora olha isso...
O efeito se desfaz e eles voltam à Avenida Rio Branco. O barulho retorna, assim como a multidão.
SICRANA (continuando)
– Mal há espaço para andar... E olha esse trânsito.
FULANO
– Também acontece comigo de vez em quando, sabe, isso de invocar tempos passados enquanto se percorre à toa as ruas do presente.
SICRANA
– É um anseio de andar na cidade sem essa superpopulação, esse barulho... De ver a praia sem lixo e o mar não poluído...
FULANO
– De olhar debaixo da saia das mulheres que passavam no alto do bonde...
SICRANA
– Naquela época? Com aqueles vestidões que as mulheres usavam? Não sei como...
FULANO
– Através de uns espelhinhos instalados nas biqueiras das bengalas.
Corta para imagens de arquivo do Rio no início do século XX.
2. EXTERNA – RUA – DIA (SEQUÊNCIA NO PASSADO)
Centro do Rio do início do século. Um homem em trajes da época ajeita maliciosamente um espelho na biqueira de sua bengala. A expressão em seu rosto é de pura malícia. O bonde lotado corre sobre o trilho. Uma mulher viaja de pé. O homem posiciona a bengala estrategicamente debaixo da saia da mulher. Ele sorri, embevecido, enquanto olha o espelho. A mulher percebe, se indigna. Ele leva uma bolsada na cara.
1A. EXTERNA – RUA – DIA
Fulano e Sicrana andam pela Rio Branco. Passa uma bela mulher de minissaia.
SICRANA (continuando)
– Hoje em dia, quem precisa disso?
FULANO (olhando a mulher que passa)
– Justamente. Quem precisa de bondes?
Sicrana dá uma bolsada de brincadeira no braço de Fulano. Ele ri.
FULANO
– Eu prefiro andar...
Clipe de imagens de belas mulheres passando na Avenida Rio Branco.
Imagens de logradouros diversos do Centro e de placas com os nomes das ruas. Placa da Rua do Ouvidor. Ali eles dobram a esquina e descem a rua. Fulano e Sicrana seguem andando e olhando tudo.
FULANO
– Esta é a famosíssima Rua do Ouvidor, marcada pelos passos de Joaquim Nabuco, Duque de Caxias, Visconde de Abaeté, Carlos Gomes, Chalaça, entre outras grandes figuras da história de nosso país.
SICRANA
– Você daria um ótimo guia de turismo, sabia?
Fulano sorri. Corta para um clipe de imagens de pontos diversos da Rua do Ouvidor,
o povo sempre passando.
FULANO (OFF)
– Por essas bandas perambulou João do Rio, conspirou Tiradentes e fumou charuto
Rui Barbosa.
Sicrana sorri e agarra o braço de Fulano. Ele sorri para ela e, abraçados, os dois
passam pelos personagens que ele acabou de mencionar: João do Rio flanando
tranqüilo, Tiradentes confabulando com outro homem, Rui Barbosa acendendo um charuto.
CRIAÇÃO: MARCELO ARGOLO
MANDOU MUITO BEM MARCELO, ADOREI A PARTE QUE FALA Q OS HOMENS OLHAVAM DE BAIXO DAS SAIAS DAS MULHERES Através de uns espelhinhos instalados nas biqueiras das bengalas. MUITO SHOW EPOCAS QUE EU NEM CONHECIA,RSRS, MUITO LEGAL ESSE ROTEIRO,DA ARA VER AS CENAS HEM CADA PALAVRAS DO SICRANO E DA FULANA NO TEXTO, MUITO LEGAL PARABENS
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