terça-feira, 23 de março de 2010

Amor de Rua de Pedro Arburúas

AMOR DE RUA

Argumento: Inspirado na crônica “As Mariposas do Luxo” de João do Rio.

Beto se apaixona por uma prostituta, não consegue tirá-la da cabeça. As amigas tentam convencê-lo do absurdo que é se apaixonar por uma mariposa. Beto está confuso e dividido entre o sentimento e a moral. A chegada de um amigo revela o quanto essas mulheres sofrem, mas ainda assim são belas.

Roteiro:

Cena 1 – Rua – ext./dia

Beto conversa com Bia e Maria, confessa sua paixão por uma prostituta.

Beto

Eu a conheci numa noite de samba.

Nas primeiras vezes paguei,

mas quando a encontro sozinha...

ela fica comigo e nos amamos a noite toda...

e não me pede nada, só carinho

São as melhores noites.

Bia

Na verdade ninguém as conhece,

ninguém sabe quem elas realmente são.

Beto

Eu sei. Mas não sei o que fazer, estou dividido por esta paixão.

Maria

Esse tipo de mulher é a ralé da sociedade.

São invisíveis aos olhos.

Só os mal amados as olham.

Bia

Ou os pícaros, como você. Porque você é um bufão, né... adora uma fanfarronada.

Chega Carlos, já se intrometendo na conversa.

Carlos

Meninas, calma.

Essas mulheres são pequenos pássaros indefesos.

Vamos ficar e vê-las passar, lindas mariposas de luxo. Elas vem em pequenos grupos: loiras, morenas e outras lindas negras.

Bia

E daí? Vocês parecem duas crianças.

Maria

Vamos embora, todos juntos. Já está escurecendo. Já está na nossa hora.

Beto

Eu vou ficar, ainda preciso andar por aí, quero encontrá-la, nem que eu precise pagar.

Vou passar pela Rua do Lavradio, pela Ouvidor, pela Rio Branco...

Se for necessário, vou até a Rua da Misericórdia!

Bia e Maria saem para um lado, sem acreditar no que está acontecendo. Beto sai para o outro lado. Carlos fica sem saber o que fazer, olha para os lados buscando quem acompanhar. Resolve ir com o amigo.


Uma alma com Brilho estranho de Diego Rebouças

UMA ALMA COM BRILHO

- cena do segundo dia –

Diego Rebouças

Inspirações: o submundo e a sarjeta retratados por João do Rio; a ralé como fornecedora de personagens complexos; “A metamorfose”, de Franz Kafka e a possibilidade/desejo de transformação.

ERNESTO ESTÁ NO BECO, SENTADO EM SEU BANQUINHO JUNTO À PLATAFORMA ONDE ENGRAXA OS SAPATOS DOS CLIENTES. A PLATAFORMA ESTÁ VAZIA. ERNESTO OLHA OS PÉS DAS PESSOAS INDO E VINDO APRESSADAS NA RUA PRINCIPAL.

ERNESTO

Vida besta...

UM CASAL DE TURISTAS ENTRA NO BECO. ELES TÊM UMA CÂMERA FOTOGRÁFICA NA MÃO, RIEM E SE APROXIMAM. O TURISTA VAI SENTANDO NA CADEIRA DO CLIENTE. SÓ QUE O TURISTA USA UM TÊNIS BRANCO. ERNESTO, EM SEU BANQUINHO, PROTESTA.

ERNESTO

Ei! Não dá pra engraxar tênis!

O TURISTA APONTA A CÂMERA NA MÃO DE SUA ESPOSA, EM PÉ AO SEU LADO.

A TURISTA

Não! A gente só quer tirar uma foto com você, pode ser?

ERNESTO

(mal-humorado)

Não, não pode.

A TURISTA PEGA ERNESTO PELA MÃO E PUXA.

A TURISTA

Ah, só uma foto, vem!

ERNESTO GRITA.

ERNESTO

Não!

A TURISTA SE ASSUSTA, SOLTA A MÃO DE ERNESTO. O TURISTA, COM MEDO, COLOCA A MÃO NA FRENTE DO CORPO DA ESPOSA PARA PROTEGÊ-LA.

O TURISTA

Desculpe!

MAS EM VEZ DE LEVANTAR, ERNESTO FICA LÍVIDO DE PAVOR E SE ENCOLHE.

ERNESTO

Altura... não posso... labirintite...

ERNESTO OLHA O PEDAÇO DE CÉU ENTRE OS PRÉDIOS. O DEPUTADO ENTRA NO BECO COM UM JORNAL NA MÃO, MAS PÁRA AO VER ERNESTO OCUPADO COM OS TURISTAS. O DEPUTADO FAZ TROÇA.

RUGENDAS
Grande Ernesto! Até tênis ele já tá engraxando!

RUGENDAS SAI RINDO. ERNESTO SE DESESPERA, LEVANTA.

ERNESTO
Deputado! Espera!

MAS O DEPUTADO VAI EMBORA.

A TURISTA

Nossa! Agora você levantou bem rápido.

ERNESTO VIRA-SE FURIOSO PARA A TURISTA.

ERNESTO

Ele é o meu melhor cliente! Não ganhei nada até agora! Culpa de vocês.

A TURISTA

Você pode ser nosso guia!

ERNESTO

(debochado)

Guia... Eu nunca nem saio daqui!

O TURISTA

A gente te paga!

ERNESTO SE SENTA EM SEU BANQUINHO ENSIMESMADO.

ERNESTO

Já sou pago pra ficar aqui engraxando sapatos.

A TURISTA

Ah! Vem! Vamos sair pelas ruas!

ERNESTO

Já sou da rua. Só que eu vivo aqui embaixo. Pareço uma barata, né? Quem sabe um dia eu não acordo mesmo barata!

A TURISTA

Ai, barata é um bicho feio!

OS OLHOS DE ERNESTO BRILHAM.

ERNESTO

É feio. Mas anda. Voa! E não precisa ficar dando brilho em ninguém! Já viu a casca da barata? Já viu como brilha?

Espiral de André Tavares

Título: Espiral

Escrito por: André Tavares

CENA 1: INT. SALÃO DO BORDEL - NOITE

Wanderson está sentado em uma das poltronas, totalmente a vontade, apenas observando as mulheres dançando. Consuêlo vem andando de longe, dando um daqueles seus sorrisos escandalosos. Ela se senta ao lado de Wanderson.

WANDERSON

A Jenifer não vem trabalhar hoje?

CONSUÊLO

Vem! E o desgraçado do Carlos deixa a garota em paz.

WANDERSON

Qualquer dia desses eu mato aquele almofadinha de merda.

CONSUÊLO

Mata, vai preso e perde a Janefer do mesmo jeito.

Janifer chega no salão.

CONSUÊLO

Vai logo falar com ela antes que o Carlos apareça por aqui.

Wanderson se levanta e vai até jenifer. Ela sorri e os dois se abraçam. Consuêlo está virada de costas perto da porta de entrada olhando para Jenifer e Wanderson quando sente uma mão pesada segurando seu braço. Consuêlo e Carlos se olham.

CARLOS

Se você ajudar aqueles dois a fugirem eu juro que te mato sua piranha.

Carlos segura Consuêlo pelos cabelos e a beija.

CARLOS

Você nunca esqueceu meus beijos não é Consuêlo.

Wanderson e Jenifer olham para Carlos e Consuêlo.

JENIFER

Vai lá na Consuêlo. Eu vou ficar bem.

Carlos vem andando em direção a Jenifer e Wanderson em direção a Consuêlo. Carlos esbarra em Wanderson que o empurra.

Carlos

Tá louco.

Jenifer vem até os dois e puxa Carlos. Carlos e jenifer vão para um dos quartos. Wanderson vai até Consuêlo.

WANDERSON

Ele te machucou?

Consuêlo balança a cabeça dizendo que não. Wanderson levanta a cabeça de Consuêlo.

Wanderson

Você ainda ama ele, não é Consuêlo?

Vemos o rosto de Consuêlo.

Duelo de Diego Tavares

1.ExT-rua

Uma Rua do Centro do Rio.Um VENDEDOR de DVDs grita, vendendo seu produto.

Vendedor

Olha aê!Chegou o Avatar, na minha mão. 10 reais na minha mão. Mais barato que no cinema!

O POETA, ENTRA e abre uma MESINHA ao lado da banca de dvds, onde ele coloca LIVROS.

POETA

Pessoal, eu sou um poeta.Um artista de rua.A minha mercadoria é a palavra.E eu vou vendê-la para vocês aqui,através do meu livro de poesias.

VENDEDOR

Poesia é o caralho! Cai fora que voce vai afastar meus fregueses com essa merda de poesia.

POETA

Ô meu amigo, só estou tentando vender meu ganha pão.

VENDEDOR

Cai fora que a coisa não vai prestar!

Um FREGUÊS entra e olha os dvds na banca do vendedor.

HOMEM

Ô amigo, ta quanto esse aqui?

Vendedor

10 reais,companheiro.

HOMEM

Me vê esse aqui entao.

O vendedor coloca o dvd em um saco.O homem entrega o DINHEIRO para o vendedor e SAI.O poeta observa a cena.O vendedor olha para o poeta e ri.

vendedor

Na minha mao é mais barato!Avatar, pessoal!

Poeta

É meia-noite; o triste bronze chora A lua oculta numa nuvem escura.(um JOVEM pára para ouvir) Calou-se a flauta numa longa queixa. O pobre louco morreu de amargura!

VENDEDOR

Vai morrer de amargura em outro lugar.

Jovem

Não peraí.Eu to curtindo.Tava até pensando em comprar um dvd mas acho que vou levar esse livro aí.

VENDEDOR

Pô, vai preferir essa frescura do que um filminho com a namorada?

Jovem

Entao vamos fazer o seguinte: um de voces vai ter que me convencer a levar uma parada.Quem conseguir leva a grana.


Rua de André Tavares

EXT. CINELÂNDIA – DIA

Várias pessoas caminham pela calçada entre as barracas dos camelôs falando ao mesmo tempo. Concentramos em três amigas que passam nesse momento. Elas se olham e sorriem.

Mulher 1

Mas ele fez isso mesmo?

As três mulheres voltam a sorrir.

Mulher 2

Pior que fez.

Sorriem novamente.

Rapaz vem caminhando por trás das três mulheres, começando a observá-las.

Mulher 3

Mas homem é tudo bobo mesmo.

Mulher 2

É...,mas a gente gosta.

Mulher 2 olha para trás observando o rapaz.

O rapaz e as mulheres vão caminhado lado a lado. Mulher 2 cutuca as amigas ao lado. Rapaz continua a olhar para elas.

Rapaz percebe que as mulheres estão comentando baixinho sobre ele e passa a andar mais rápido.

Mulher 2

Eu gosto é da rua. Eu amo a rua. Eu amo esse sentimento de natureza íntima, absoluta.

Rapaz baixa a cabeça e continua andando sem olhar para trás.

Mulher 3

Ah, amiga! A rua é mais do que isso.

Todas as mulheres

A rua faz a gente passar mal.

Mulheres voltam a sorrir.

Uma Alma Desencantada de Diego Rebouças

CENA 1: Uma alma desencantada

EXT. BECO – DIA
O ENGRAXATE ERNESTO ESTÁ SENTADO EM UM BANQUINHO, EM FRENTE À SUA PLATAFORMA FIXA, ONDE ENGRAXA SAPATOS. ERNESTO ESTÁ CABISBAIXO. OLHA O APOIO EM QUE OS CLIENTES COLOCAM OS PÉS. O APOIO ESTÁ VAZIO. ERNESTO REPARA NA ESCURIDÃO E TRISTEZA DO BECO.

ERNESTO
O mundo perdeu o brilho. Por isso que tá tudo assim: feio, escuro.

O OLHAR DE ERNESTO SE ESTENDE POR UM DOS LADOS DO BECO. OS PÉS DAS PESSOAS PASSAM COM PRESSA NA RUA PRINCIPAL.

ERNESTO
Tanto sapato feio! Ninguém quer graxa.

OS OLHOS DE ERNESTO VOLTAM PARA O APOIO DE PÉS E HÁ UM PAR DE TÊNIS BRANCOS INQUIETOS. ERNESTO SE ASSUSTA.

ERNESTO
Que é isso? Não dá pra engraxar não.

A CÂMERA SOBE E VEMOS O TURISTA RAIMUNDO SORRINDO.

RAIMUNDO
Quero graxa não! Só tirar uma foto com você.

A CÂMERA ABRE E VEMOS LOLA, ESPOSA DE RAIMUNDO, SORRINDO, EM PÉ, AO LADO DA PLATAFORMA. ELA TEM UMA CÂMERA NA MÃO, QUE ESTENDE SORRIDENTE PARA ERNESTO. MAS ELE ESTÁ MAL-HUMORADO.

ERNESTO
Não sou importante pra tirar foto.

LOLA ENQUADRA O ENGRAXATE EM SUA CÂMERA.

LOLA
Você é um autêntico carioca!

ERNESTO DESVIA O ROSTO DA CÂMERA E SEUS OLHOS CAEM NO TÊNIS DE RAIMUNDO.

ERNESTO
Meu negócio é engraxar. E isso não serve. Dá licença!

O VEREADOR RUGENDAS PÁRA NA ENTRADA DO BECO COM UM JORNAL NA MÃO AO VER ERNESTO OCUPADO COM RAIMUNDO. RUGENDAS FAZ TROÇA.

RUGENDAS
A coisa tá feia mesmo, hein, Ernesto. Até tênis tu tá engraxando!

RUGENDAS DÁ AS COSTAS RINDO. ERNESTO SE DESESPERA.

ERNESTO
Vereador! Peraí!

RUGENDAS CONTINUA ANDANDO.

RUGENDAS
Depois eu volto!

RUGENDAS DESAPARECE. ERNESTO SE IRRITA.

ERNESTO
Tá vendo? meu melhor cliente! Culpa de vocês. Ganhei nada até agora. Como é que eu vou comer?

LOLA
Quer ser nosso guia?

RAIMUNDO
A gente te leva pra comer!

LOLA
Você já comeu sonho?

ERNESTO FICA DESCONFIADO.

ERNESTO
Sonho?

FIM.

Crime Confesso de Pedro Arburúas

CRIME CONFESSO

CENA 1 – MESA DE BAR – INT./ NOITE

Dois amigos conversam. Um deles bastante angustiado e já bêbado. O outro sóbrio, com ares de malandro consola o amigo.

Felipe

Já não agüento mais, todo dia mesma coisa. Sempre é uma desculpa diferente, ou é reunião, médico ou foi no salão.

Bruno

Mas meu querido, mulher é assim mesmo. Tem sempre alguma coisa pra fazer.

Felipe

Mas todo dia? Sempre depois da meia-noite, uma da manhã. As vezes chega até de cabelo molhado.

Bruno

Ih! Sei não. Mas e ai? O que vai fazer.

Felipe

Ainda não sei, primeiro preciso descobrir se é isso mesmo.

Bruno

Descobrir o que? Que você está levando um belo par de chifres.

Felipe

Fala baixo! Todo mundo vai ouvir.

Se ela estiver me traindo, eu mato.

Mato e confesso, ou tu acha que sou corno manco?

Mulher entra abraçada com um homem.

Bruno

Olha ali, agora você tem sua comprovação. Qual vai ser.

Os 4 se olham surpresos. Felipe se levanta agressivamente.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Eu odeio ser atropelado

-Eu odeio ser atropelado. - Pensou Carlos ao se levantar da calçada em frente ao seu prédio em Copacabana. Limpou sua já surrada camisa do AC/DC que ele comprou há muito tempo atrás na Galeria do Rock e olhou para o garoto que o atropelara com sua bicicleta, com um quase ódio. O menino, que sentado no chão, sentia as dores de um joelho cortado nem se deu conta de que o homem que derrubara, era bem mais velho que ele, coisa de uns quarenta anos. Carlos ao ver a situação do menino, sentiu algo que há muito tempo não sentia e, esquecendo suas próprias dores foi lhe oferecer ajuda. -Vem, você precisa lavar isso. -Disse o velhote para o menino, que respondeu que estava bem e precisava ir logo para casa. - Você me deve um pedido de desculpas e estou cobrando dessa forma. Vem, vamos lavar isso lá em casa. Não tem perigo não, eu não sou a bruxa má do oeste.- O menino meio que sorriu e segurou na mão calejada de Carlos. O menino se surpreendeu ao entrar no apartamento. Não era muito grande, mas parecia muito menor com tanta bagunça. E tinha um cheiro estranho. Mas o que chamava atenção eram as paredes lotadas e pôsteres de bandas e vários discos de vinil por todos os lados. O garoto parou seu olhar em um pôster dos Beatles. Carlos que tinha ido lá dentro pegar curativo e tal pensou que talvez seja a única banda que ele conhece dali. E com todo o cuidado, meio que como um avô cuidando do neto, o velhote limpou e colocou remédio no ferimento do menino. E logo ele se viu como um professor, dando aulas sobre rock´n roll para o menino. Sentiu uma estranha sensação de preenchimento enquanto explicava a importância de um Jimi Hendrix. E quando colocou para tocar "My Generation" do The Who lembrou-se que aquela era a sua canção e que realmente desejara morrer antes de ficar velho. Antes de perder sua esposa. De se distanciar dos filhos, dos amigos. De ser atropelado... pela vida. -Eu odeio ser atropelado!


CRIAÇÃO: DIEGO TAVARES

quarta-feira, 17 de março de 2010

A Alma da Rua


João do Rio, Rua Paulo Barreto de Gedivan de Albuquerque

ROTEIRO

cena de um rapaz (moça?) andando por ruas míticas do Rio. Ruas citadas no livro. A voz vai em off]

- I loved that streets. That feeling of nature… I loved Rio. Sad was just one day walking on and falling in love for that streets. So alive and full of happiness. I was in Rio for The World Annual Proctologist Congress and had my last day free, so I walked by the streets of Rio, the old Rio, not the touristic Copacabana where my Congress hotel was. The dirty and decadent old city. With another century´s walls. Smelling last night beer and near sea. With forget histories.

[ Para ao lado de uma pilha de livros velhos. Marrons de tão amarelados. Puídos, faltando paginas. Pega um quase que avulso. Abre-o sem olhar a capa. Lee em voz alta]

-“This is a sensible book. This is a book to improve your mind. I do not tell you all I know, because I do not want to swamp you with knowledge...”

[ e le outra parte, só que essa em português pronunciando as letras em ingles]

- “A alma encantadora das ruas”... What fuck that means?

[fecha o livro e mostra-se a capa na tela. Vê-se o nome de João do Rio]

[há um corte de cena. O áudio da cena seguinte começa antes das imagens. Ao ver-se o nome do autor na tela escuta-se a voz do homem]

- João do Rio. Quem aqui conhece? Ninguém?

- Eu já ouvi falar.

- Já ouviu falar? O sujeito escreve um dos mais importantes livros da língua portuguesa e vocês só ouviram falar? Vocês estudam isso no segundo grau gente.

- Que livro é esse tão importante que ele escreveu?

[ em alguma parte do dialogo seguinte, voltam as imagens do gringo andando pelas ruas do Rio. Ele vive o que o livro diz. Esse amor e apaixonamento pelas ruas.]

- “A alma encantadora das ruas” um grande elogio à beleza da vida que existe nas ruas. Não apenas como um pedaço de chão por onde as pessoas passam. Terra ou paralelepípedos cercados de casas e comércios. Mas o fator de vida das cidades. A veia que leva sangue pelas células. Isso é o que esse livro mostra com uma narrativa sublime. Profunda e simples de uma forma que só João do Rio sabia ser. Hoje então teremos o prazer de conhecer alguma coisa sobre esse livro.

[ será lido trechos do livro. Como se de uma aula se tratasse. Diferentes vozes leram trechos, algumas com paixão, outras sem vontade. Da mesma forma que acontece numa sala de aula quando varias pessoas devem ler algo.

Enquanto há a leitura de partes do livro. Vemos cenas do nosso gringo andando pela cidade.

Vamos criar encima dessa idéia. Trechos do livro enquanto o estrangeiro que não pode Le-lo anda com ele pela velha cidade. Pelas ruas que são citadas, tentando mostrar o espírito que João quis imprimir sobre elas]

Com um mais de tempo a idéia será melhor desenvolvida. Mas acredito que funcione muito bem...


CRIAÇÃO: Danton Sarmento

terça-feira, 16 de março de 2010

Vídeo - "Rio do João do Rio do João..."




Um vídeo inspirado no livro A Alma Encantadora das Almas do João do Rio. Para o projeto Óperação Cinema que será produzido pela produtora Ópera Prima.

Direção: Nando Novatto

Ata


      Embora o ministro evitasse falar sobre o assunto, a maioria dos conselheiros insistia. Alguém devia fazer algo, mesmo que esse algo pudesse tomar proporções drásticas, catastrófica"s, apocalípticas, urrou o Barão de Bomtempo. Desse jeito não era possível e, se possível fosse, melhor não seria. É certo que o maior temor dos senhores era que aquela situação lastimável expandisse seus domínios e atingisse o coração da plebe, da gente miúda. Se o causo chegasse aos ouvidos da população haveria agitação, incidentes no centro da cidade, vidros quebrados pela Avenida Central.

      "A turba, meu Deus, a turba!", gritava Bomtempo, sem dúvida o mais nervoso. Mas não era para menos. Do alto de toda aristocracia, não há quem não tema as classes populares exaltadas. E elas haveriam de se exaltar! O primeiro secretário bateu na mesa afim de que se fizesse ordem. Ao menos naquela assembléia tinha de haver alguma. Aos poucos os distintos senhores se calaram, ouvindo-se um último berro de Bomtempo: "a turba".

      O ministro tomou a palavra e não disse nada que ninguém soubesse. Tratou de fingir que acalentava os ânimos e disse que a Casa estava estudando medidas a serem tomadas de forma acelerada e inequívoca. Esta última palavra despertou o Conde Cabrito, que berrou de seu lugar à mesa um despautério retirado desta ata. Mas o que ele quis dizer, com este termo chulo, foi que não haveria de ser uma medida inequívoca se ela não fosse tomada perante e de acordo com aquela assembléia ali formada, sabidamente composta por homens bons, sábios, oriundos de famílias igualmente boas e sábias. Foi o bastante para o caos se instaurar. Não nas ruas como se temia, mas naquela bela saleta recheada de móveis em carvalho, livros com capas grossas e homens de espíritos iluministas.

      Barão de Bomtempo teve um mal súbito e foi retirado do local. Já há informação de que ele passa bem, mas deve ficar temporariamente afastado de seus deveres.

      Mas voltando ao caos, a verdade é que houve tanta civilidade naquela reunião quanto em uma feira livre, e com isso eu quero dizer que ela foi praticamente nula. Tivéssemos frutas e legumes ao alcance de nossas mãos atiraríamos uns aos outros como líderes tribais de uma passado longínquo, quando, devaneio, que as frutas fossem mais abundantes. A mim coube relatar o acontecido. Mas vou me furtar dos detalhes mais sangrentos e das selvagerias das quais os nobres senhores presentes foram capazes.

      O principal fato que preciso explicar é que, durante o transporte do Barão de Bomtempo para o sanatório mais próximo, ele deixou escapar entre dentes, entre delírios, a real situação a qual estava sendo discutida ali. E um dos maqueiros ouviu e repassou a informação para o padeiro na esquina. Sabe-se que a padaria é um dos locais urbanos com maior poder de disseminação de histórias e, neste ponto, não importa mais se trata-se de uma verdade ou de uma fantasia de um barão louco. Ninguém questionou porque um barão ainda tinha alguma voz dentro de um sistema republicano de governo. Ninguém quis saber se ele estava sendo mandado para o sanatório.

      A turba se formou enquanto o ministro e seus conselheiros ainda estavam reunidos. A tal turba. E os digníssimos senhores só perceberam que a situação não era mais segura para seus egos aristocratas quando uma pedra rompeu o vidro da janela que se estilhaçou no tapete persa, ou indiano. Fez-se silêncio na assembléia e a rua invadiu o quarto. Não sem antes o Conde Cabrito lamentar: "a turba, meu Deus". Ao que o ministro mandou-lhe à merda.


CRIAÇÃO: Marcelo Andrade 

POR AI RUA DO OUVIDOR

RUA DO OUVIDOR

 

 

BLOCO 1  

 

 

Creditos iniciais

 

O APRESENTADOR CAMINHANDO PELA RUA DO OUVIDOR

 

 

Apresentador – A rua do Ouvidor esta localizada bem no centro da cidade do Rio Janeiro. Caminhando por aqui antigamente se tinha acesso ao antigo porto do Rio, onde hoje se localiza o mergulhao. O nome atual da rua, foi efetivado em 1746, pela influencia do povo, porque na rua vivia Manuel Pena de Mesquita Pinto, ouvidor-mor da cidade. Antes do nome ser efetivado, a rua teve muitos outros, como: Rua do Gadelha, Aleixo Manuel, do Barbalho, Santa Cruz, Quitanda, de Pedro da Costa, da Sé, Nova e mais alguns.

 

O APRESENTADOR PERGUNTA AS PESSOAS QUE PASSAM PELO LOCAL:

 

Voce sabe onde fica a rua do ouvidor?

Você sabe quem foi Manuel Pena de Mesquita Pinto?  Ele morava aqui e foi ouvidor-mor da cidade do Rio.

 

 

 

 

 

 BLOCO 2

 

Esse bloco começa com fotos e imagens da rua do Ouvidor.

 

Apresentador – Ouvidor era a designação dos magistrados que superintendiam na justiça das terras senhoriais, em Portugal. As suas funções eram semelhantes às dos corregedores nas terras diretamente dependentes da Coroa. As terras sujeitas a corregedores eram chamadas "comarcas" ou "correições" e as sujeitas a ouvidores eram chamadas "ouvidorias". A designação "ouvidor" foi também a aplicada a magistrados do Império Colonial Português. No Brasil, durante o Período Colonial, os ouvidores eram os juizes colocados pelos donatário das capitanias.  Depois de um novo calçamento em 1829, foi proibido o transito de carros de boi, 1857, a rua do Ouvidor foi calçada com paralelepipedos, em 1861 foi proibido o transito de cavaleiros e outros veiculos, depois da 9 da manhã, com excessao do carnaval.

 

Imagens da rua do Ouvidor.

 

 

BLOCO 3


O apresentador se aproxima das pessoas.

Apresentador – você sabia que os ouvidores atuavam como os juízes de hoje em dia?

Apresentador –  Em termos práticos, o significado de ouvidor é o mesmo que ombudsman, que é uma palavra sueca, criada em 1809, para criar o cargo de agente parlamentar de justiça para limitar os poderes do rei.

 

Créditos finais.


CRIAÇÃO: JULIO PECLY